segunda-feira, novembro 20, 2006

Of Bacteriae and Men

A ideia para este post surgiu-me há uns dias atrás quando, nesta sublime realidade própria que é a Lisboa na hora de ponta, procurava relaxar na privacidade do meu carro enquanto esperava que o sinal abrisse para, por causa do trânsito, mesmo assim não me deixar passar. E qual é o meu ponto de partida para este post? Privacidade. Há poucos sítios nesta vida onde temos real privacidade. Um deles, julgamos nós, é a nossa própria casa. Ora, para quem, como eu, mora num Rés-do-Chão, privacidade é fazer show-off dos meus (não tão) potentes abdominais para a vizinhança que tenho o prazer de cumprimentar pela manhã. Portanto, não, a nossa casa não é a resposta certa. Se respondessem casa de banho... talvez. Mas adiante.

Ora, outro desses sítios que eu julgava que nos proporcionavam privacidade quase inviolável era o nosso carro. E antes que comecem a afagar os vossos genitais, pelo amor de Deus, eu estava no trânsito às seis da tarde, não num caminho ermo às duas da manhã, seus tarados sem vida. Isto não é um capítulo da Harlequin e este blog não é a Gina. Retomando, estava no trânsito, preocupado lembro-me lá eu com o quê, quando olho para o retrovisor e que vejo eu? O cavalheiro que seguia no carro atrás do meu, também ele claramente convicto do que se revelou ser um verdadeiro mito urbano: a privicidade do nosso veículo. Estão a ver? É que se ele suspeitasse que pelo retrovisor do carro da frente podia ser visto a enfiar o seu grosso indicador pela narina adentro e revolver e revolver e revolver até sair uma verdosa de lá de dentro, certamente que não o faria. Para vos ser franco, todo aquele espectáculo prendeu-me a atenção. Minutos depois, fiquei feliz por o despistar na marginal e cheguei são e salvo a casa, para vosso gáudio.

Dias volvidos, passada a perturbação do momento, não posso deixar de me interrogar. Qual era o mal? Privacidade ou não, estando ele num espaço público ou não (e isto é discutível à luz do Direito, acreditem em mim que não sou advogado, mas tenho noções de História do Direito no séc. XVI), repito, que se pode censurar a esse senhor ou a qualquer pessoa que desempenha a sua higiene nasal quando a tem de desempenhar? Ele está claramente a trabalhar para ser um homem mais limpo e impoluto, potenciando aquilo que lhe foi dado por Deus e para que o comum lenço fabricado pelo Homem é insuficiente: a unha! Já experimentaram raspar uma raspadinha com uma unha? Não é tão eficaz como uma moeda, pois não? Mas não podem propriamente meter uma moeda no nariz, pois não? Pelo menos de modo a limpar como deve ser. Mas uma unha numa cavidade nasal? O seu efeito raspante é superior ao da superfície lisa do lenço, incrementando desse modo a eficiência da limpeza, mas ai daquele que se lembrar a escavar a narina em público! A sociedade critica.


O mesmo com cuspidelas. Ahhh... está bem. Vamos tratar as coisas pelos nomes. Escarros. Sim e novamente: das verdosas. Não vou comentar o óbvio. Expelir as escarretas é saudável para o ser humano, especialmente para o aparelho respiratório (não, não sou médico, mas o GD é. Perguntem-lhe, pode ser que ele vos responda). A sociedade não critica isso. Mas mandar para o chão?! Valha-vos Deus, nunca mais a rapariga que vir uma coisa dessas olha na vossa direcção! E a sociedade critica! Mas ouçam bem! A escarreta ajuda ao equilíbrio do meio ambiente, que é algo que já não acontece com a ponta de um cigarro. Quer dizer, todos vocês, espertalhões que fumam, são capazes de mandar uma ponta pró chão, mas se eu espetar com uma verdosa ficam a olhar para mim, não é? Filhos da mãe.



E que me dizem a lavar as mãos após defecar? Ah pois é? Então o papel higiénico está entre a mão e a bosta, não há contacto de espécie alguma, digam-me para quê lavar as mãos. Elas estão na mesma condição que quando entrei no WC e me sentei na sanita! Portanto... qual é a crise?... Mas a sociedade critica.

Espero que este post vos ajude a superarem alguns dos vossos preconceitos civilizacionais e contribua para que as pessoas com mocosidade excessiva, elevados índices de especturação e..., bem, os mais expeditos na casa de banho não se sintam marginalizados por uma sociedade que nunca precisou de desculpas para ostracizar os nerds, os geeks e as pessoas que não sabem dançar... malditos!

ML

4 comentários:

Anónimo disse...

estou demasiado enojada para escrever algo.
se me permitem, vou recolher à minha casa de banho e tentar conter a náusea.

e vamos dar crédito aos carapaus por provocar esta alegre reacção física! hoorrah!

Anónimo disse...

Só faltava esse jove fazer bolinhas e tentar acertar no polícia sinaleiro!

Prof disse...

Foi um post sugestivo... quanto baste... estou um bocado enojada...
Fica bem!

Anónimo disse...

Grande post! Só não concordo com as escarretas no chão, é que as baronas dos cigarros não ficam coladas nos sapatos...
Um abraço e bom fds