terça-feira, dezembro 15, 2009

Watercolors and Marraquexe (Parte I)

  • Após 10 horas num aeroporto (conseguimos levar 14 horas de Lisboa a Marraquexe) posso afirmar, com alguma certeza, que o aeroporto de Casablanca é o pior de todos os aeroportos do mundo. Se bem que ao fim da 13ª hora uma pessoa já quase se sente em casa. Isto partindo do princípio que vivem junto a uma fábrica de celulose.
  • No aeroporto de Casablanca para se ser polícia é essencial cumprir uma regra: existir. Depois basta estar lá e escolher qual a melhor posição: sentado ou de pé.
  • Os polícias do aeroporto de Casablanca desprezam as mulheres mas julgo ter encontrado uma explicação simples para que esse fenómeno quando reparei que dois polícias se aninhavam um ao outro e davam beijinhos enquanto efectuavam o seu árduo trabalho de estar sentado a contemplar o infinito.
  • Todos os familiares e parentes distantes do Rei devem trabalhar nos múltiplos check-points do aeroporto de Casablanca e Marraquexe mas, pelo que pude apurar, é obrigatório ser-se totalmente incompetente, o que me leva a pensar que haverá muita consanguinidade à mistura e que pelo menos na geração de criaturas acéfalas e semi-acéfalas, este é um povo que se saiu espectacularmente bem. À saída de Marraquexe, por exemplo, após uma longa e penosa conversa com o oficial do guichet sobre o que estava a fazer em Marraquexe, o que ia fazer em Casablanca e o que era Lisboa, carimbaram "Entrada" no passaporte mesmo ao lado do outro carimbo que dizia, adivinhem só, "Entrada". Estupidamente achei, juntamente com alguns colegas, que o ofcial, depois de tanta conversa, saberia o que estava a fazer e não olhei para o passaporte até chegar ao meu destino. Com isto iam-nos tramando quando, já em Casablanca, tentámos embarcar finalmente no avião para Lisboa. Felizmente pelos lados de Casablanca, como penso já ter ficado abundantemente claro, os polícias têm mais que fazer (coçar a micose deveria ser instituído como o desporto oficial) e deixam passar tudo e todos sem grandes problemas.
  • Aprendi que trabalhar com um detector de metais até é fácil, basta seguir duas instruções simples que me fizeram lembrar as regras do fight club: 1 - se o detector não apitar, devemos deixar passar a pessoa; 2 - se o detector apitar, devemos deixar passar a pessoa.
  • A todos os interessados faço saber que: se todos urinarmos contra uma parede (ou várias), durante alguns anos, é possível fazer com que todo o prédio, e consequentemente a cidade, ganhe um impressionante cheiro a urina.
  • Em Marraquexe, quando não há quartos suficientes, os gerentes das Riads (os hotéis lá do sítio) não se preocupam. Para quê perder clientes quando se pode colocar uma tenda com o ar condicionado no máximo no terraço? Honestamente, assim à primeira, até parece fixe, isto até reparares que estás numa tenda num terraço!
  • Não há qualquer espécie de pudores ambientais em Marraquexe. De modo a fazer face à não existência de caixotes do lixo o povo de Marraquexe desenvolveu a prática solução de amontoar o lixo, basicamente, onde calhar, sendo este habitualmente deixado em pequenos montinhos à porta das casas ou no meio da rua ou no meio da estrada ou no canto da estrada ou no centro dos passeios ou até dentro de casa. Suponho que a inspiração deve ter sido a observação de um pássaro a defecar livremente onde lhe apeteceu.
  • Regatear preços é interessante e giro. Isto até se regressar a casa e dar conta que se acabou de comprar um objecto que poderia ter sido adquirido, sem berreiro, nos chineses da esquina e a metade do preço. Abro aqui uma excepção aos objectos feito em pele já que nesses conseguem-se realmente preços abaixo do valor que geralmente se vê nas lojas. Mas de qualquer forma não recomendo levar muito dinheiro já que a tentação de o gastar em "bons negócios" é tremenda. Diria que é equiparável ao desejo de abandonar rapidamente o local.
  • Ser apalpado por um Sr. polícia é uma experiência que nunca vou esquecer. E os meus testículos também não.
  • Voar na Royal Air Marroco é como experienciar o ataque a Pearl Harbour. Dentro de um avião nipónico.
CP

quarta-feira, dezembro 02, 2009

Old people are funny (I)

Ver um idoso comer uma sandes é como assistir a uma luta pela sobrevivência. É algo digno de um programa especial na National Geographic ou no Discovery Channel.
CP