sábado, junho 17, 2006

Formas de apoio

Devido à vaga de manifestações de extrema-direita, os diversos canais de televisão têm transmitido velhas (e não tão velhas) reportagens visando esta temática. Há uma em particular que acho interessante . A reportagem visa a existência de membros da extrema-direita nas claques de futebol e a relação existente entre este facto e a crescente violência sentida nos estádios e fora deles, antes, durante e após os jogos. Tocou-me particularmente quando um jovem membro de uma claque nos diz que, e agora vou parafrasear, como não sabe cantar, andar à porrada é a forma que encontrou para manifestar o seu incondicional apoio ao seu clube. Tendo achado interessante a forma que este jovem encontrou (sem dúvida depois de longos segundos de árdua reflexão) para manifestar o seu apoio, resolvi fazer uns telefonemas e recolher algumas outras maneiras igualmente invulgares (e porque não, simplesmente palermas) de apoio aos clubes.

Mário Neves, 26 anos, Carneiro: Nunca fui grande coisa a cantar e por isso prefiro manifestar o apoio ao meu clube sendo carteirista. Durante os jogos, esgueiro-me até à bancada dos adversários e utilizo esta minha maneira de ser para aliviar os adeptos das equipes rivais das suas carteiras, relógios e telemóveis. Um gajo faz o que pode pelo seu clube!

Jacinto Malaquias, 42 anos, Astrónomo: Isso de cantar é coisa de abichanados! Homem que é homem com hagá grande, faz como eu e manifesta o seu apoio batendo violentamente na mulher caso o nosso clube ganhe ou perca. O importante aqui é bater na mulher! Pode até nem ser na nossa mulher, uma qualquer serve. Se o nosso clube do coração ganha, aproveitamos e batemos-lhe com alegria, se perde batemos-lhe mas assim com muita raiva. Ela? Ela fica caladinha e depois de levar, habitualmente calça as chinelas e traz-me mais uma cervejola fresca. Ahh como eu gosto do meu clube! Pena que não haja jogos todos os dias. Sabe? De vez em quando faço uma batota, aproveito as transmissões do Beleneses - Rio Ave de 84 na Rtp Memória para poder arrear mais uns tabefes na mulher e no puto. Isso é que é boa televisão!

Helder Matogrosso, não quis revelar a idade mas garantiu que tem poucas rugas de expressão, Leão, Líder da Frente Nacional de Extremíssima Direita (F.N.E.D.): Também eu não sei cantar. Enfim na verdade nunca experimentei. É que tenho uma garganta muito sensível sabe? E não posso agora andar a gritar que nem uma maluca durante os jogos não é? Portantos eu apoio o meu clube assim do coração através da velha arte floral japonesa ou seja através da prática do Ikebana. Todas as semanas, é que não falha uma 'tá a ver, lá vou eu com um arranjo de rosas, margaridas , petúnias e raminhos de bambu seco para oferecer aos meus jogadores favoritos. Nunca me deixaram entrar no balneário mas eu tenho esperanças que um dia me deixarão entrar. É que eu estou de olho num rapaz novo lá do clube, um moçambicano, ai ele é lindo e forte e tens uns braços... ai que pedaço de homem que o Motambo é! Já lhe ofereci dois arranjos de tulipas com raminhos de cutiló e de faranho mas ele ainda não me disse nada. O malandro! A fazer-se de dificíl já viu? Tudo o que eu mais queria no mundo era poder passar uma noite embrulhado nos meus lençois vermelhos com a minha suástica de malmequeres, a ver um dos meus filmes favoritos o "América Proíbida" com o meu Motambo lindo...ai filha que são cá uns calores!

Rosa Celestina, 33 anos, estudante: 'morzinho eu pelo meu clube faço de tudo! Até descontos aos clientes regulares eu faço! Mas só quando mostram o cartãozinho e têm as cotas em dia! Aqui a Rosinha não é uma qualquer! Mas olhe fofo pelo meu clube é tudo tudo. Cantar eu não canto. Um cliente deu-me cabo da garganta e desde então olhe, é só sopinha, sólidos nem vê-los e gritar então nem pensar! Mas pronto, faço assim as vontades aos jogadores quando eles estão longe da família ou quando lhes apetece muito e o mister deixa é claro! Nunca fui contra as ordens do mister! De vez em quando ele quer assim umas coisas bem estranhas, até já desloquei a bacia uma vez e tudo mas desde que o clube ganhe quero lá saber!
CP

3 comentários:

Anónimo disse...

Homem que é homem com hagá grande bate violentamente palmas a um dos melhores posts escritos pelos carapaus!! Eu como não sei cantar ri às gargalhadas!! MUITO BOM :D

Anónimo disse...

Helder amigo, se me estás a ler, vai por mim, o cutiló e o faranho não proporcionam a simetria necessária para fender os acentuados valores estéticos de um coração moçambicano. Tenta usar cipó na base e flor de mangueira, mas apenas em composições de triângulo escaleno. Boa sorte. Ass: Uma ikebânica romântica.

Carapaus com Chantilly disse...

Não sendo eu um entusiasta Ikebaniano como vós não posso deixar de recomendar o uso de pezinhos de sarapalito. Além de dar um tom avermelhado à composição, consegue-se através do uso desta planta de um aroma interessante e uma coloração de pele avermelhada graças à urticária provocada pelo sarapalito de cunimba.
Fica a dica.
CP