quarta-feira, julho 23, 2008

A cerveja e os anúncios

Não sou, por norma, consumidor de bebidas alcoólicas e confesso que a cerveja nunca foi uma bebida propriamente apelativa, não sei bem se devido ao seu aspecto a xixi meio turvo, se ao cheiro delicodoce ou devido ao seu gosto acre. Ou talvez sou eu que sou esquisito.
Mais absurdo do que o facto desta ser uma das bebidas mais consumidas por todo o mundo sempre foram os anúncios a este "nectar" do gregório. Estes anúncios sempre foram uma espécie de clips musicais alegres, com muita gente jovem a conversar imenso e a dançar num ritmo que é minimamente correcto, durante noites e dias. São de certa forma a visualização de uma eterna farra.
O problema é que toda esta imagética nunca me fez lá grande sentido já que, e isto sabe-o qualquer pessoa que tenha dado uma volta pelo Bairro Alto numa sexta-feira por volta da 1 da manhã, se há uma coisa que a cerveja não provoca são conversas coerentes e muito menos um qualquer acrescento rítmico. Bem pelo contrário.

E eis que surge o último anúncio à Super Bock e finalmente, quando penso que é apenas mais um igual a tantos outros, me surpreendem com a brilhante escolha musical. Ao utilizarem a música da Brandi Carlie (The Story) conseguiram algo que nunca qualquer outro anúncio a uma cerveja tuga conseguiu: finalmente há algo que realmente se assemelha à experiência que todos bem conhecemos de beber cerveja: o tentar cantar e nós acharmos que estamos a ser espectaculares, a conseguir chegar a todas as notas, conseguindo cada tom na perfeição quando na realidade...
É que esta senhora consegue a proeza de cantar como se estivesse realmente embriagada e isso só por si é brilhante.
Será que para o ano alguma marca terá coragem de fazer um anúncio mostrando apenas os efeitos reais da cerveja? Eis o meu anúncio de sonho, baseando-me obviamente no conceito que eles gostam - o conceito de Mega-Festa, juventude e diversão:

A filmagem é incrivelmente suave e delicada. As cores são fortes e guerridas mas sempre com um efeito blur que, brilhantemente manipulado, esbate os focos de luz e dá às imagens apenas um brilho como se fosse a própria imagem a estar suada devido ao calor da festa a que estamos a assistir.

Vemos corpos jovens a dançar, cada um no seu ritmo próprio, ao som de uma qualquer música que está a passar, na cabeça de cada um é claro. Foca-se os corpos "dançantes" de cima para baixo e há um grande plano das barrigas de cerveja a baloiçar na pista de dança. Algumas barrigas tocam-se como se se de um beijo se tratasse. Foca-se os sorrisos embriagados de um casal no momento que se segue ao toque das barrigas. Ele olha para ela e ela para ele. Beijam-se e assistimos ao beijo mais repugnante da história: enquanto ele a beija no queixo, ela abocanha o nariz dele, sem reparar que devido ao ar abafado do bar a sinusite dele já estava a dar sinal na forma de um imenso mar de ranhoca. Mas não há problema. Trocam um olhar cúmplice de como quem diz "Eu sei que tu sabes que eu sei o que aconteceu mas o meu cérebro ainda não percebeu e portanto o que é que eu 'tou a pensar e olha lá as mamas desta gaja!" e saem do bar.

À volta do nosso casal os seus diversos amigos riem e continuam a "dançar". Mexem-se de um modo tão frenético que nos fazem pensar que, se calhar, estamos a contemplar um brutal ataque colectivo de epilepsia. Ou então que estamos perante uma peça de dança contemporânea. Uma das duas.
O nosso casal sai do bar e vomita para a calçada. A câmara desce e verificamos que afinal não foi para a calçada mas para cima de outro tipo que entretanto colapsou bêbado e que, coberto de vómito, nem reacção tem. O nosso casal ri-se do seu companheiro de bebedeira caído e dirige-se para uma paragem de táxis - porque afinal de contas tem de haver a mensagem social não é?

Entram no táxi, não sem antes do rapaz rasgar parte do vestido à rapariga numa tentativa algo grotesca de cavalheirismo e beijam-se novamente. O taxista encolhe os ombros e finalmente percebe o que é o mítico "odor corporal". Pergunta ao casal para onde querem ir. Repete a pergunta. Volta a perguntar.
O nosso casal, à quarta tentativa diga-se de passagem, julga que já disse para onde quer ir mas na realidade apenas conseguiu balbuciar algo como "Ruachmarlionzorg ohfashavor!". Foca-se a cara do taxista já enfadado com a situação. O táxi arranca.

Fade out.

Fade in.

Manhã.
Estamos num quarto completamente desarrumado. Há roupa espalhada por todo o lado. Alguém abre a porta do quarto. É um senhor com alguma idade (45 anos). Dirije-se à cama e retira o lençol que cobre os dois jovens. Foca-se a cara do senhor a ficar vermelha.

Ecrã negro.

Ouvimos:
"Pedro! O que é que a tua irmã está a fazer nua na tua cama?"

Entra o packshot.
The End
CP

quarta-feira, julho 16, 2008

Contos de Poderes

Durante a tenra e difícil idade dos 14 anos, o Ruizinho descobriu que tinha poderes. Ele descobriu que, tal como o Hiro do programa de televisão, conseguia parar o tempo. Foi ao atravessar a estrada sem olhar, num momento em que passava um camião TIR, que o susto súbito activou os seus poderes, congelando tudo à sua volta. O Ruizinho olhou em volta, pasmado e abismado. As suas pernas tremiam. Nunca tinha visto nada semelhante, uma ausência tão irreal de movimento. Em seu redor, as pessoas imóveis, mil esgares de horror em antecipação à catástrofe, mãos sobre em face em frágil protecção a um horror fatalmente perene. À sua frente, o camião TIR imortalizado na sua constrangedora e aflitiva demanda pelo atrito. Junto ao solo, até o fumo da borracha violentada contra o asfalto se havia imobilizado. De rosto iluminado, Ruizinho olhou para os céus, em silencioso e comovido agradecimento pelo que, mais tarde, chamaria, certamente, a sua segunda vida. Chamaria porque, nesse meio tempo em que a maravilha do que se tinha passado dava lugar à racionalização da realidade, Ruizinho descobriu, com desilusão, que os seus poderes tinham um tempo limite de vinte segundos. E ele não tinha saído de onde estava.

ML

domingo, julho 13, 2008

A (difícil?) tarefa de educar um filho

«I let my son watch the anime’s Dragonball, DBZ and DBGT since he was eight years old. At first, I thought it was too violent, but I realized this is the best show for training to become a true man. True men need not to flaunt themselves. They're calm, gentle and modest but when it comes to the crunch they don’t hesitate to kill the enemy, and I think that’s what Goku is»

James Marsters, em entrevista a http://dbthemovie.com

É. Desde que eu vejo o Dragon Ball que também penso em dizer ao pequeno e eventual ML Junior: «Meu filho, sê calmo, gentil e modesto. Mas se implicarem contigo na escola, pega num pau e espeta-lhes na garganta!!! E fica a ver o sangue a espirrar e a sair como num cano roto!! E depois limpa a boca com a tua mão ensanguentada e lambe os lábios! E depois cospe! E coça os tomates». Porque isso fará dele um homem a sério. Não podia estar mais de acordo.

ML

quarta-feira, julho 09, 2008

Coloquialismos, aforismos e outras palermices igualmente badalhocas

Acto III
(Deverá ser lido com sotaque Britânico)

Kristopher entra em palco envergando umas calças de fato de treino verdes, uma t-shirt de alças branca e segurando um sinal de proibido estacionar.

Kristopher:
Oh see the colored man run,
like so many others before him, he runs.
Run oh mighty colored man!
Run with your mighty colored legs and with that mighty colored smile.
No my children. Thou shan't fear the colored man for he is just like you
or i.
See my children, see the incredible bone structure of the colored man!
Oh you fine and awesome colored man.
Why couldn't you be like the rest?
Oh by Thor what i wouldn't do to you mighty colored man.
Oh colored beatutiful colored man. Why couldn't you just not be green?
Why not be any other color but that of the grape?
The grape! Oh that stupid stupid grape! Noooooooooooooo!

Fim
CP