segunda-feira, setembro 25, 2006

Aprendizagem

Finalmente aconteceu. Finalmente já não é preciso saber-se patavina para se poder ingressar (ou quid sapit, com um pouco de sorte ou de papá deputado) entrar de facto no ensino superior. Estava eu calmamente a roer o meu jantar quando oiço a notícia de que já não é necessário realizar a prova específica de filosofia para se ingressar no curso de, imaginem só, filosofia! Interessante não é? Pois eu digo-vos que acho muito bem. Mais, porque não generalizar esta petit regra recém-criada de modo a abranger outras áreas do saber? Assim é que era divertido! É que se acham que já vivemos num país de incompetentes, daqui a uns aninhos é que vai ser bem porreiro!
Imaginem só o que é observar um senhor caloiro da faculdade de medicina, oriundo, porque não, do agrupamento de artes e que nunca na vida frequentou aulas ou sequer abriu o livrinho de química, física, biologia, matemática, entre outras disciplinas igualmente redundantes e isto porque, para ingressar no curso de medicina, a especifica poderia ser, por exemplo português! Afinal o português é de facto essencial à actividade médica. Por linguagem gestual ou corporal suponho que o doente se conseguisse exprimir mas não estou bem a ver como seriam as receitas passadas pelo médico. Bem, talvez passassem a gravar num daqueles gravadores de bolso e a fornecer aos doentes as cassetes. Mas como saberia o médico ler e mais tarde pronunciar o nome do medicamento se não souber ler? Estão a ver? O português é de facto a discplina fulcral! Curso de engenharia? Oh meu amigo então será obvio que a prova específica a realizar terá de ser a de educação musical! Astrofísica? Porque não fazer a específica de expressão dramática? Haja pachorra para o que se decide fazer neste país da treta.
CP

6 comentários:

Teresa disse...

Tenho de dizer que realmente o Português NÃO é uma necessidade na area da Medicina.. passeio-me pelos hospitais há 4 anos e não tenho precisado mt mais do que fazer uma vénia pomposa e murmurar "Sim, senhor professor doutor.."
Conversações entre médicos e doentes? O que é isso? Nem com os alunos, quanto mais..

pimpinelle disse...

os senhores que decidiram isso também são facultativos, o que pode vir a ser muito útil.

Anónimo disse...

Olha que a coisa talvez nem esteja mal pensada. Umas aulinhas de açoriano durante o curso de Medicina tinham dado imenso jeito.:P
E já agora provas específicas de espanhol e línguas eslavas para os doentes que acedem ao serviço Nacional de Saúde? Com uma selecção destas resolvia-se o buraco orçamental da saúde! :P

Maríita disse...

CP,
Não entendo a tua indignação, para que é que eles querem saber filosofia antes se é para aprenderem filosofia depois que vão para a faculdade? Também não percebo porque é que não fazem o mesmo com os outros cursos, aliás, por esta ordem de ideias porque é que se tem de estudar antes de ir para a Universidade? É óbvio que aquela ideia retrógada e até bastante rídicula do saber universal caiu em desuso e estudar pelo prazer de estudar não cabe numa sociedade de Morangos com açúcar...espero que não amarguemos no final.

Beijinhos

Amir disse...

Ah ah, e é apanhá-los a sairem das aulinhas de matemática sem saberem o resultado da engenhosa questão, propositadamente colocada para os confundir, "quanto é que é 9875409x0?"... a malta não explica pá!

Ana Luísa Henriques disse...

Com o curso de psicologia isso já acontecia há muitos anos...quem queria seguir psicologia tinha de fazer o agrupamento cientifico-natural pois a especifica nas universidades públicas era biologia. Assim, aqueles que, em outro agrupamento, fizessem psicologia.não podiam seguir psicologia na universidade! (A não ser nas privadas) Enfim...