sábado, janeiro 20, 2007

Grandes Portugueses (II)

Olá. Eu prometi que continuaria o post abaixo escrito e por isso cá estou de volta. A ideia é fazer finalmente aquilo que tinha pensado inicialmente. Não se tratava de pegar nos mais votados e fazer corte e costura, mas sim explicar exactamente porque é que "Os Grandes Portugueses" é a ideia mais pobremente executada que a RTP já teve.

Não vou sequer comentar as sugestões que a RTP tinha no site quando da primeira fase. Não fossem elas e provavelmente o sr. Pinto da Costa estaria eventualmente no podium, quiçá no lugar do Diplomata Aristides de Sousa Mendes, sobre cuja figura me questiono quantos portugueses realmente se recordariam. Mas isso não vem ao caso.

Eu não desgosto da lista final, apesar de ter estranhado a presença do Álvaro Cunhal, a qual importância para a História de Portugal me parece ainda demasiado cedo para compreender. Mas pronto, ao menos parece uma posição honesta e não comentar a sua chegada aos 10+. Vou, isso sim, comentar e criticar a escolha. Ou melhor, a Escolha. Toda a ideia que preside à escolha, no seu todo, dos Defensores, como a RTP tem no seu site. Porque até a escolha da designação "Defensores" é altamente indicativa do quão anti-pedagógica toda esta iniciativa se tornou.

Estas figuras não precisam de Defensores. Isto pode parecer uma noção parva, mas Defensores têm estes senhores em todas as pessoas que votaram neles. Do que eles precisam é de Esclarecedores. Oficialmente, estes 10 homens são agora parte de uma mitologia do que é ser português. Ou seja, estes homens desempenharam um conjunto de acções que, por alguma razão, fazem com que os portugueses se revejam nelas e encontrem ali uma imagem de excelência e de identidade. Estes homens são, portanto, de um certo ponto de vista, uma mostra do que é o país que temos, dos seus ideais, daquilo com o que se identifica e deseja, e acho que por esse motivo merecia uma abordagem ou pouco mais séria, uma abordagem que ao mesmo tempo nos mostrasse o homem no seu tempo e homem enquanto objecto de admiração. Estou a falar de uma abordagem que instruísse, que educasse. Mas depois vamos olhar para o elenco de Defensores e se calhar ficamos a pensar se esta pedagogia da RTP não é na verdade uma demagogia, ou uma espécie de propaganda televisiva inculcadora de valores como se fazia no Estado Novo, mas agora ao modo do século XXI.

E para isto eu vou apenas pegar em três casos: o da Camarada Odete; o do Dr. Paulo Portas; o da Eurodeputada Ana Gomes. E para tornar isto mais ligeiro, farei uma apreciação por dia. Gostaria que fossem escolhas menos óbvias (para os que me conhecem) e mais orgânicas em relação à estrutura do programa, mas por um lado nem eu me sinto à vontade para falar com segurança de cada uma das personagens, nem consegui ver a apresentação dos Defensores na íntegra nesta semana que passou (culpa da RTP, que veicula informações incorrectas no seu site). Pelo que vou falar de um erro crasso (Odete na defesa de Álvaro Cunhal) e duas figuras sobre as quais me sinto mais ou menos à vontade porque as estudo (teria preferido o Infante D. Henrique ao Vasco da Gama, mas não ouvi a apresentação de Gonçalo Cadilhe sobre o amigo Infante).

Por isso, até amanhã, ou um dia em que me apeteça escrever. Porque hoje, claramente, já não é o caso.

ML

3 comentários:

Anónimo disse...

Isso dá forte no programa, que também me parece estar a ser uma bela porcaria. Fico à espera da terceira parte...

Anónimo disse...

a insegurança a nível nacional sobre "o que é ser português" é tão grande que necessitamos de alguém para justificar as nossas escolhas!?ou será que isto é mais um daqueles detalhes da constituição que foi esquecido até aqui? - representar quem os elege.

"nem só de pão vive o Homem", e eu acrescento, e de programas imbecis!?(oops ainda dão os morangos e a floribela?!)

Anónimo disse...

lembrei-me do aristides sousa mendes. quer dizer, tive alguma dificuldade em lembrar-me do nome EXACTO dele quando o programa ainda estava no começo (*cora de vergonha*), mas não sei,
nenhum dos outros não me inspira grande simpatia.
talvez o programa seja bem-sucedido por pôr um travãozinho no esquecimento crónico colectivo. já me fez ter vontade de remexer num calhamaço de genealogia real, por isso...

(opiniões gerais, eu SEI. mas é melhor manter-me assim não me vá espalhar ignorantemente ao comprido. oh ceús, cultiva-te mais, arya maria.)