quinta-feira, junho 21, 2007

Intervenção divina

A vida tem o potencial de se tornar monótona. Quer dizer, imaginemos Lisboa. Vir trabalhar todos os dias de manhã até Lisboa é o IC19 a reproduzir carros como coelhos, a 2.ª circular entupida, a angústia das portagens na 25 de Abril. Depois é trabalhar até às seis da tarde ou mais além e enfrentar o longo e demorado salto em frente até Sintra, Amadora, Almada, Alverca onde nos pode ou não esperar a louça do dia anterior, que não tivemos tempo ou pachorra para lavar, e inevitavelmente, o jantar por fazer. E por isso toca de ir ao Pingo Doce ou ao Modelo, que até é mais barato mas fica mais longe para comprar a comida que já tinha acabado, mas - oh, supresa! - tinha-me esquecido! Isto para não falar da prole, que nem consigo imaginar o que é a responsabilidade de conciliar emprego e filhos. E por isso, ao fim de uns tempos, se um gajo não faz nada para o evitar, entra a rotina, entram os 40 anos onde só se tem trinta e uma pessoa está completamente perdida na vida. E nisto chega Deus e inventa a Lei de Murphy. A Lei de Murphy é a resposta divina à invenção da sociedade de massas pelo Homem.
Graças à Lei de Murphy, eu sei que vou parar à caixa registadora onde não só as pessoas NÃO vão pagar com cartão, vão querer contas separadas para certos itens, se calhar ainda pedem factura e a senhora que está à minha frente se vai querer desfazer de todos os trocos que lhe estiverem a pesar no porta-moedas, como se as pessoas se sentissem mais ricas quanto mais leves sentirem a bolsa.
E depois as pessoas confundem stress com emoção! A Lei de Murphy está cá para garantir que vida de um gajo se torne mais entusiasmante, não para enriquecer os psicólogos! Senão, por que motivo, quando eu estou assim mesmo aflito para largar daquelas vagas ininterruptas de bosta pela sanita abaixo (essas mesmo de entupir o cano), encontro aquela vizinha que me conhece e que quer ficar a falar comigo, por que razão as chaves caem antes de entrar na fechadura e esta não abre à primeira? E, mais grave, sendo do conhecimento geral como a proximidade física da sanita aumenta a pressão intestinal, por que motivo o ziper encrava e os botões das calças ficam presos, senão para um gajo poder gozar a evacuação com maior prazer?

E depois as igrejas estão vazias. Não se compreende.

ML

7 comentários:

Betty Coltrane disse...

E viva a lei de Murphy, e as suas dez máximas! Sempre presente na minha mente! (muito possivelmente devido ao meu azar congénito...=/)

Rita Limão disse...

Dá mesmo vontade de...cortar os pulsos...:S

Anónimo disse...

A vida está cheia de ironias:). Ironicamente é mesmo o que lhe dá piada. Com tanta "emoção"(adrenalina o roçar o pânico) não se percebe a necessidade de desportos radicais:)

vinte e dois disse...

Tomando um dos tópicos do post... caguei-me a rir. Essa do ziper ficar encravado no pior momento, só me aconteceu uma vez na vida, com os mais tristes resultados!! ;D
Só para a inveja: eu trabalho a quase 15 kms de casa e sabes quanto tempo demoro a chegar lá? Pouco mais de 10 minutos... isto é que é qualidade de vida! ;D Filas, não sei o que é isso! E até me dou ao luxo de vir almoçar a casa nas calmas..

Carapaus com Chantilly disse...

Almoças em casa mas depois o ziper encrava nos piores momentos. Se eu fosse rapariga, diria que isso é o karma a bater-te à porta. Mas como não sou, não tenho assim tanto para dizer :D

ML

Cataclismo Cerebral disse...

Quando vais num autocarro, desejoso de chegar a qualquer lado à hora marcada, entram sempre 2 ou 3 pessoas que perguntam 3 vezes quanto é o preço do bilhete, só depois tiram o dinheiro da mala ou calças e enganam-se sempre na quantia. Também costumam deixar cair o troco para locais intrincados. Acho que a lei de murphy também se aplica aqui...

Abraço

Carapaus com Chantilly disse...

A Lei de Murphy tem aplicação generalizada a toda a vida. Como ir à reprografia fotocopiar o BI e apanhar pela frente aquelas senhoras que descobriram há pouco tempo as fotocópias a cores e que ficam a pedir que lhes copiem as rendas, os bordados, os lavores das revistas da especialidade.